Durante as atividades propostas e desenvolvidas nas aulas de Língua Portuguesa do 5º Ano do Colégio Ipiranga, clássicos da Literatura Infantil foram lidos, como leitura necessária. O objetivo foi o de letrar e aperfeiçoar a capacidade de interpretação e compreensão de obras literárias. Dentre elas, “Reinações de Narizinho”, publicada em 1931, por Monteiro Lobato, autor brasileiro conhecido como Pai da Literatura Infantil no Brasil, o propulsor da série “Sítio do Pica-Pau Amarelo”.
No livro, narram-se as primeiras aventuras que acontecem no Sítio do Pica-Pau Amarelo e se apresentam a boneca de pano tagarela e sabida, Emília; a famosa Tia Nastácia, por seus deliciosos bolinhos; a Dona Benta, uma avó muito especial; a neta Lúcia, a menina do nariz arrebitado, conhecida como Narizinho; e vários outros personagens. E mais, nem todos os personagens do Sítio são apresentados nesta obra, o que provocou discussões para saber por quê. Trata-se de uma estratégia e segredo de Monteiro para atiçar a capacidade de querer mais… Então, a luta foi percorrer pela série e descobrir quem eram esses misteriosos personagens e quando foam introduzidos.
O livro é envolvente, traz várias histórias curtas, como episódios. Portanto, não é uma narrativa longa, como ocorre nos romances e novelas. Inicialmente, as histórias foram publicadas individualmente, em formato de capítulos, e, posteriormente, juntas em um único livro. Dentre os enredos de histórias, há alguns completamente originais e outros com junções de histórias infantis já conhecidas, ou histórias baseadas no folclore brasileiro.
Além disso, as histórias perpassam a literatura infantil de La Fontaine, quando os meninos viajam para o Mundo das Maravilhas, através do efeito do pó de pirlimpimpim, oportunidade em que conhecem os fabulistas Esopo e La Fontaine, e acabam resgatando o Burro Falante, levando-o para morar no Sítio do Pica-Pau Amarelo. Além desse episódio, há outros em que se recebem ilustres visitas, como Cinderela, Branca de Neve e o Pequeno Polegar, o que fez a turma perceber o recurso da intertextualidade, que os leitores só compreendem quando constroem um repertório literário.
Em meio a tudo isso, a turma teve a oportunidade de escolher e participar de uma etapa, como tarefa desafio e dramatizá-la. Foi escolhido o episódio “Cara de coruja”, que trata da festa no Sítio, envolvendo muitos personagens da literatura infantil clássica. Criaram-se, assim, vários grupos de teatro, um de cada capítulo do episódio referido. Para tanto, houve parceria nas disciplinas de Artes e Administrando a Vida. A organização das crianças foi espetacular, com a produção de materiais para os ensaios, a memorização de falas na representação dos personagens, gerando, o que também proporcionou o envolvimento das famílias. Como a professora de Artes sentiu o interesse e a vibração durante o despertar do desafio, percebeu que estes ensaios e apresentações em aula, poderiam ir para além da sala da turma.
Decidiu-se, então, apresentar as peças teatrais amadoras para outras turmas do Colégio Ipiranga, o que gerou um objetivo mais amplo: fazer perceber a função social de ilustrar produções textuais faladas, escritas, representadas para um público maior, não apenas entre colegas. Então, este fantástico momento para a turma ocorreu na tarde do dia 06 de outubro, no Salão de Eventos do Colégio Ipiranga, com destreza, animação e homenagem ao Pai da Literatura Infantil Brasileira.
A turma do 5º Ano do Ensino Fundamental compreende agora que a história mantém uma continuidade, através de pequenas deixas que vão sendo mostradas em cada capítulo e que nos fazem entender que se trata da mesma história. Aspecto que também se refere às peripécias da vida, pois, nada acontece isolado, tudo acontece por fazer parte do movimento da humanidade em plena continuidade, sempre.
Ler é a atitude mais nobre da cidadania, é a oportunidade de se sentir e estar no mundo em movimento com as letras, as palavras e seu sentido, único ou múltiplo nas expressões criativas dos escritores literatos. Para as crianças, é imaginação, fantasia, descobertas, que não acabam mais. E é isso que os livros, oferecidos como necessários na turma, estão desenvolvendo com o 5º Ano, além de todos os outros, que são buscados por interesses próprios. Que a leitura flua para todos e que todos sintam o sabor da magia das palavras. Por uma sociedade que faça valer a pena e faça vigorar a dignidade humana, a cidadania. Do mesmo modo como Monteiro Lobato pronunciava e escrevia: “Um país se faz com homens e livros.”